quinta-feira, 12 de março de 2015

O que você me pede chorando que eu não faço sorrindo? Pensando sobre a permissividade dos pais

Foto: A Fantástica Fábrica de Chocolate



Quando eu era criança, ouvia muito essa frase da minha amada avó e, é claro que eu adorava quando ela me dizia isso! E quem é que não gostaria? Mas a questão é que deve haver um ponto de equilíbrio, nem sempre podemos dizer sim, da mesma forma que nem sempre podemos dizer não. Que tal pensarmos juntos sobre isso?

Por que será que nos tornamos permissivos? Será que essa permissividade tem impacto no desenvolvimento da personalidade infantil? Possivelmente, nos tornamos permissivos por nos sentirmos culpados, por uma questão de comodidade ou porque não compreendemos muito bem o significado de boa mãe e de bom pai.  E isso pode ter impacto no desenvolvimento da personalidade da criança. É comum que filhos de pais permissivos possam apresentar impulsividade, pouca tolerância à frustração, dificuldade de esperar, egocentrismo, dificuldade de perceber as necessidades dos outros e aumento progressivo de distúrbios de comportamento.

A culpa que sentimos e que nos leva a querer compensar nossas crianças, pode estar ligada ao trabalho fora de casa ou por achar que fomos pouco atenciosos, por exemplo. Se não temos disposição para dar afeto e atenção, tentamos compensar com bens materiais ou sendo excessivamente tolerantes. Mas, nada disso é capaz de suprir as necessidades de atenção e afeto das crianças. Os pais que se sentem culpados podem permitir que seus filhos os machuquem, por acreditarem que eles estão dando o castigo que merecem. Algumas vezes, crianças mais frágeis (magrinhas, que ficaram ou que estão doentes e etc.) são mimadas e rodeadas de cuidados, e os pais se sentem cruéis ao dizer um não.

Se não entendemos corretamente os conceitos de boa mãe e de bom pai, podemos acreditar que os pais “bonzinhos” são aqueles que sempre dizem sim aos seus filhos. Possivelmente, esses pais tem medo de, ao contrariar sua criança, ela deixe de gostar deles. Temos, portanto, pais permissivos e escravos de seus filhos. Mas, a permissividade também pode estar ligada à comodidade dos pais, isto é, ceder para não ter o trabalho de colocar limites às crianças.

Como consequência para os pais, essa atitude permissiva pode levá-los a se sentirem frustrados e insatisfeitos na relação, pois suas necessidades estão sempre atrás das necessidades dos filhos. Possivelmente, esses pais ficarão mais ressentidos e poderão descontar na criança ou entre eles.

                                                                    Simone Duarte

Fonte: MALDONADO, Maria Tereza. Comunicação entre pais e filhos: a linguagem do sentir. Petrópolis: Vozes,1986.

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