Hoje vou falar de um tema que
frequentemente traz desconforto e aflição para pais e educadores: o
comportamento agressivo das crianças. Esse é um assunto que não pode se esgotar
em um breve texto e que, em alguns casos, se relaciona a situações mais
complexas no ambiente familiar e escolar, que merecem uma análise e intervenção
específicas. Por isso, aqui apenas falarei de pontos importantes de reflexão que podem ser úteis a todos os pais e educadores.
O primeiro ponto que quero
esclarecer é que a agressividade é uma tendência humana presente em todos nós. Os
impulsos agressivos existem desde o nascimento (repare em uma criança ao sugar
vorazmente o peito da mãe durante a amamentação) e se expressam, no decorrer do
desenvolvimento, de várias formas. Sendo assim, pais e educadores não devem rotular as
crianças como “agressivas” ou “tranquilas”, uma vez que todas possuem seus
instintos agressivos e o que diferencia uma da outra é a forma como cada uma
lida com eles.
A agressividade faz parte de um
leque de sentimentos que a criança está descobrindo dentro de si mesma e é natural que ela queira conhecê-lo e testá-lo. Uma fase comum
é quando a criança coloca em prova o ambiente em que vive para descobrir se ele
suporta a capacidade de seus impulsos agressivos. Quando a
criança encontra segurança nesse ambiente, mesmo tendo demonstrado toda sua
raiva, ela se sente livre para brincar e realizar outras atividades
construtivas.
Como a criança adquire essa
segurança? Por meio da autoridade e do amor dos pais. Os pais possuem uma
tarefa fundamental de serem firmes e, ao mesmo tempo, ser a referência de
compreensão e amor de uma criança. Caso ela não se sinta aceita por ter manifestado
seus sentimentos de agressividade não terá aceitado uma parte de si mesma. A
autoridade sem o amor e o amor sem a autoridade, certamente podem causar
problemas, pois a criança, ao mesmo tempo que precisa internalizar as regras
sociais, precisa de um ambiente acolhedor e amável para que se sinta amada e
segura.
É exatamente por confiar nos seus
pais que a criança os escolhe para usar todos os recursos possíveis para se
impor e testar o funcionamento do mundo. Com eles ela testará seus sentimentos
mais profundos e essa é uma fase comum do processo de descobrir sua essência
humana. Cabe aos pais, diante dessa realidade, garantir que o ambiente não irá se desestruturar, mesmo com os vários testes da criança. A aprendizagem não se
dá do dia para a noite e envolve tanto questões emocionais quanto cognitivas (o
que a criança já é capaz de fazer e compreender naquela idade).
Quando a agressividade é frequente, excessiva e/ou quando tem o intuito de machucar o outro, a criança pode está querendo comunicar que
algo não está bem. Nesses casos, é importante que um profissional possa
investigar o motivo desse comportamento e que pais e educadores não coloquem a
culpa de tal agressividade na criança. Ao investigar, podemos descobrir que ela
está buscando aceitação em alguma questão que não sabe lidar, algum momento
importante do desenvolvimento que não foi adequadamente vivenciado, pode está
com problemas relacionais, dentre outros. Não podemos citar somente um fator e
sim um contexto incluindo a idade da criança, fases marcantes do
desenvolvimento, o contexto familiar e escolar, etc. Somente uma análise
cuidadosa permitirá que entendamos a causa do comportamento para, assim,
buscarmos (junto com os pais e educadores) intervir naquela realidade.
Em um próximo texto irei abordar
algumas formas de lidar com o comportamento agitado e/ou agressivo da criança.
Mayara Medeiros

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