Por que devemos frustrar nossos filhos?

Foto: reprodução

Não é segredo pra ninguém que educar uma criança é uma tarefa extremamente complexa. Permitir ou negar algo a um filho envolve um exercício de consciência dos pais, que, muitas vezes, ficam na dúvida se tomaram a decisão mais adequada. Nesse contexto, podemos pensar na importância da frustração para a criança. Mas o que é a frustração? A frustração consiste em um desejo que busca satisfação, mas que não é realizado, gerando um sentimento desagradável.

Nesse exercício de impor limites aos pequenos, podemos distinguir as frustrações positivas e as negativas.

As positivas são aquelas efetivamente necessárias e justas, ou seja, as que são aplicadas de uma forma coerente. Ao assim agirem, pais e educadores conseguem transmitir que a criança possui tanto direitos como deveres. Desse modo, a criança se sentirá gradualmente mais confiante diante da realidade exterior. Ao ser frustrada adequadamente, ela passa a buscar saídas para as falhas e faltas que a frustração gerou. Dessa forma, pouco a pouco é propiciada a capacidade para pensar e criar.

Já as frustrações que apresentam resultados negativos, ocorrem quando os pais são muito “bonzinhos”, deixando que a criança se torne uma “rainha” dentro de casa. Esses pais dificilmente falam firmemente com seus filhos e dão tudo o que eles pedem. Quando essas crianças virarem adultos, poderão repetir esse comportamento de soberania e acabarão sofrendo, pois não estarão preparadas para as frustrações que a vida apresenta. A criança que vive nesse meio sente-se perdida e inadequada em seus grupos. Então, mamães e papais, não precisa se sentirem culpados por dizer um "não" ao seu filho. Se dizemos não explicando o motivo, se o "não" é educador e é dado com carinho, a criança certamente será capaz de entender, mesmo que ela proteste.

Mas é preciso medida na frustração, pois quando se frustra de forma exagerada, de modo injusto ou incoerente, aplicando, nessas situações, sermões e ameaças, a criança pode passar a sentir muita raiva de seus frustradores. Elas manifestam essa raiva através de, por exemplo, atrevimento, desempenho escolar ruim, mau comportamento e etc. Essa é a forma que as crianças encontram de revidar as experiências negativas de frustração. Obviamente, mamães, que esses comportamentos podem ter outras causas!!

Bem, saber de tudo isso na teoria é muito lindo. Mas sabemos que no dia a dia, travamos uma luta para oferecermos a melhor educação possível aos nossos filhos. Pessoalmente, entendo que, se os pais tomaram uma decisão e sentem-se seguros com ela, sabendo que ela é o melhor para o desenvolvimento adequado da criança, provavelmente estão no caminho correto. Não existe, portanto, uma receita, mas disposição, bom senso, persistência e muito amor. Frustrar adequadamente é respeitar e amar seu filho!

Simone Duarte

ZIMERMAN, David E.. Os quatro vínculos: amor, ódio, conhecimento e reconhecimento na psicanálise e em nossas vidas. Porto Alegre: Artmed, 2010.

­­­____________. Vocabulário contemporâneo de psicanálise. Porto Alegre: Artmed, 2001.